A toxoplasmose é uma infeção produzida pelo protozoário toxoplasma gondii. Um parasita que segundo a forma que adota pode habitar em diferentes meios: na terra, na água ou em forma de parasita em animais. A infeção pode-se contrair ao ingerir carne mal cozinhada, frutas ou verduras não lavadas, produtos lácteos/leite não pasteurizados, expor-se a fezes de gato infetadas, ao manipular a terra ou através da transmissão de mãe para filho durante a gravidez.
O parasita realiza uma parte indispensável do seu ciclo vital no intestino dos felinos, que são os únicos hóspedes definitivos e os quais expulsam quistos com as fezes podendo transmitir a doença. Estas fezes podem ser ingeridas por outros animais (hóspedes intermediários) ou estar em contato com frutas ou verduras.
Sintomas e formas de transmissão
Quando um ser humano saudável adquire a doença raramente tem sintomas. Em menos de 10% dos casos pode observar-se sintomatologia semelhante à da gripe, muito inespecífica que não é suficiente para o seu diagnóstico.
A grande importância da toxoplasmose está na infeção de pessoas imunodeprimidas e das consequências da toxoplasmose congénita quando contraída pela grávida. A transmissão ao feto por via transplacentária é o único momento em que se pode contagiar de pessoa a pessoa, uma vez que as outras causas são por contato indireto com o protozoário.
Unicamente se a mãe se infeta pela primeira vez durante a gravidez é que poderá provocar doença no feto. Se a mãe já sofreu a infeção ou esteve em contacto com o toxoplasma antes da gravidez, as suas defesas conseguem controlar o parasita e deste modo evitar que cheguem a atravessar a placenta.
Nos países ocidentais, o número de casos tem vindo a diminuir, mas cerca de 7% dos fetos de mães infetadas são atingidos.
Cerca de 80-90% das grávidas não apresentam sintomas, e por isso deve ser alvo de uma vigilância ao longo da gravidez, através de exames regulares específicos, como analise de sangue para serologias e controles ecográficos.
O toxoplasma apresenta especial avidez pelo tecido nervoso podendo provocar graves alterações no desenvolvimento cerebral com consequências como morte fetal intraútero, hidrocefalia, atraso psicomotor ou alterações visuais. A presença desta doença em recém-nascidos, é conhecida como a “Tétrade de Sabin”.
O período da gravidez em que a infeção ocorre, determina a frequência e a gravidade. A transmissão ao feto é baixa no 1º trimestre (10-25%), aumenta no 2º trimestre (30-35%) e é máxima (60-80%) no 3º trimestre. Inversamente, a gravidade da infeção é tanto maior quanto mais precocemente ocorrer na gravidez.
Como se diagnostica?
No início da gravidez, realizam-se exames de rastreio à toxoplasmose, para determinar se a grávida é ou não imune à doença. Se o organismo da grávida já esteve em contacto com o parasita, já tem desenvolvido anticorpos para se proteger (imune).
Se pelo contrário a grávida nunca teve contacto com o parasita (não imune), deve adotar medidas de prevenção para evitar a doença.
Perante uma suspeita elevada de infeção pode ser necessário realizar também uma amniocentese, para determinar a presença de anticorpos e antígenos no líquido amniótico.
Tratamento
Se o resultado da amniocentese for positivo, significa que o parasita atravessou a barreira placentária e infetou o feto, e começa-se o tratamento com antibiótico específico.
Se o resultado da amniocentese for negativo, mas a suspeita de infeção materna for alta pode-se aplicar outro antibiótico com menos efeitos secundários.
Para prevenir a doença, as grávidas suscetíveis de se infetar pela primeira vez são aconselhadas a seguir alguns cuidados alimentares e gerais, a saber:
- Lavar bem as mãos com água e sabão antes de preparar os alimentos;
- Manter limpa as superfícies e os utensílios; lavando bem as facas e tábuas de cortar a carne com água e sabão depois de as utilizar;
- Usar luvas no manuseamento da carne crua;
- Cozinhar bem a carne. A temperatura interna da carne deve atingir os 70ºC;
- Não provar a carne até estar totalmente cozinhada;
- Congelar preferencialmente a carne vários dias antes de a consumir de forma a reduzir o risco de transmissão da infeção;
- Lavar as frutas e verduras com abundante água corrente para arrastar os quistos, ou descasque a fruta antes de a comer;
- Evitar o contato com a boca e os olhos, depois de manipular frutas, verduras ou carne;
- Separar a carne e as verduras dos outros alimentos no frigorífico;
- Os processos de cura de carnes e embutidos não eliminam os quistos;
- Consumir sempre água corrente ou engarrafada que tenha sido tratada previamente; evitar fontes de água natural ou de torneiras sem tratar;
- Ingerir leite e derivados só pasteurizado, evitando consumir o leite de cabra;
- Usar sempre luvas nos trabalhos de jardim e de contacto com a terra;
Evitar contacto com animais portadores de toxoplasmose, se tiver um gato em casa, é importante ter alguns cuidados:
- Não limpar a caixa de areia porque as fezes podem conter toxoplasmose; se tiver de o fazer, utilize luvas e lave muito bem as mãos;
- Realizar a higiene dos gatos domésticos sempre com luvas e diariamente;
- Não traga um gato novo para casa enquanto estiver grávida; faça exames ao seu animal para se assegurar que não é transportador da doença;
- Preferencialmente, não deve ser gravida a mudar a areia, melhor pedir a outra pessoa que o faça.
Fonte: Enfermeira Parteira Susana Ferreira – Equipa COGE