As perturbações de aprendizagem específicas caraterizam-se pela presença de
dificuldades significativas nas áreas da leitura (dislexia), da escrita (disgrafia ou disortografia)
e/ou o cálculo matemático (discalculia). No caso da dislexia, esta possui uma origem
multifatorial, evidenciando-se a sua base neurobiológica, e carateriza-se, em termos gerais,
pela presença de dificuldades a nível da descodificação, fluência, precisão e compreensão da
leitura e da ortografia (Lyon, Shaywitz, & Shaywitz, 2003). As limitações descritas não se
relacionam com problemas sensoriais (visuais ou auditivos), perturbações emocionais
(ansiedade/depressão), um baixo quoeficiente de inteligência e/ou à escassez de oportunidades
e ambientes socioculturais e educacionais estimulantes e adequados às necessidades da
criança (American Psychiatric Association, 2013; Snowling, 2008). Estas dificuldades são o
resultado de um défice fonológico persistente (a consciência fonológica reporta-se à
capacidade para identificar e manipular os sons da fala) e inesperado em relação à idade
cronológica, outras habilidades cognitivas preservadas e condições educativas.

Outras problemáticas associadas à dislexia

Frequentemente, existem outras problemáticas associadas à dislexia, como a disgrafia
(relacionada com a qualidade da caligrafia/escrita no que se refere ao traçado ou grafia),
disortografia (relacionada com a precisão ortográfica, corresponde aos erros ortográficos,
dificuldades na organização, planeamento e elaboração de textos escritos, e na construção
frásica) e discalculia (reporta-se a dificuldades persistentes na aprendizagem da matemática,
por exemplo, a nível do sentido numérico, memorização de factos aritméticos, cálculo e
raciocínio matemático preciso) (Semrud-Clikeman, & Ellison, 2007), as dificuldades
atencionais e/ou comportamentais, e problemas emocionais, etc. (Lyon, Shaywitz, &
Shaywitz, 2003).

Como é diagnosticada dislexia?

Por norma, a dislexia é diagnosticada no início da escolaridade em crianças que
evidenciam dificuldades inesperadas na aprendizagem da leitura, da escrita ou do cálculo
comparativamente com os pares da mesma faixa etária (Fonseca, 2014).
Na senda do que foi mencionado, e apesar da heterogeneidade dos perfis de
capacidades e dificuldades das crianças com dislexia, o foco no treino de competências
fonológicas quer numa perspetiva de promoção, prevenção ou de intervenção nesta
problemática assume uma preponderância fulcral para o desenvolvimento de competências
fonológicas ou para a deteção de casos em que estas habilidades estão afetadas.

Referências bibliográficas

American Psychiatric Association. (2013). Diagnostic and statistic manual of mental
disorders. (5th ed.). Washington, DC: APA.
Fonseca, V. (2014). Dificuldades de Aprendizagem – Abordagem Neuropsicopedagógica (5ª
Edição). Lisboa: Âncora Editora
Lyon, G. R., Shaywitz, S., & Shaywitz B. (2003). A definition of dyslexia. Annals of
Dyslexia, 53(1), 1-14. doi:10.1080/09297040600837370
Semrud-Clikeman, M., & Ellison, P. A. T. (2007). Child Neuropsychology: Assessment and
Interventions for Neurodevelopmental Disorders (2nd Edition). New York: Springer
Snowling, M. J. (2008). Specific disorders and broader phenotypes: the case of dyslexia.
Quarterly Journal of Experimental Psychology, 61(1), 142-156.
doi:10.1080/17470210701508830

Fonte: Dra. Patrícia Dias – Psicologia Infantil