A infertilidade é definida pela Organização Mundial de Saúde como “uma doença do
sistema reprodutor definida pela incapacidade de conseguir uma gravidez depois de 12
meses ou mais de relações sexuais regulares e desprotegidas”. É reconhecida como um
problema crítico da saúde pública, pois representa uma condição complexa e multifatorial que afeta ambos os géneros, atingindo entre 50 a 80 milhões de pessoas (10-15% da população mundial) em idade reprodutora.
Apesar de serem vulgarmente usadas como sinónimos, a infertilidade representa uma
dificuldade em conseguir uma gravidez, enquanto esterilidade é a impossibilidade que tem o homem ou a mulher de produzir gâmetas (óvulos ou espermatozoides) ou zigotos viáveis
(resultado da fusão entre óvulos e espermatozoides).
Um casal é considerado infértil quando, após 12 meses de relações sexuais frequentes e desprotegidas, não consegue uma gravidez a termo. Este tempo deverá ser reduzido para
6 meses no caso das mulheres acima dos 35 anos.
A menopausa precoce, também conhecida como falência ovárica prematura ou
insuficiência ovárica primária, é uma condição bastante frequente, cujas causas não são
ainda completamente compreendidas. Caracteriza-se pela ausência de menstruação
durante a idade considerada fértil, em que os ovários deixam de produzir ovócitos maduros, com diminuição da produção de hormonas responsáveis pela função reprodutora
da mulher.
Os sintomas da menopausa precoce são muito semelhantes aos da menopausa e
incluem sensação de ansiedade, falta de energia, depressão, irritabilidade, dor de cabeça,
insónia, perda de líbido, aumento do calor corporal, entre outros.
Apesar de ainda não se conhecerem todas as causas de menopausa precoce, esta
poderá ser causada por anomalias cromossómicas, doenças autoimunes, distúrbios
metabólicos, infeções víricas, quimio e radioterapia e até por toxinas (do tabaco, por
exemplo).
Posso ser mãe se tenho a menopausa precoce? Quando existe ainda reserva ovárica,
esporadicamente os ovários poderão funcionar e liberar um ovócito, o que torna a gravidez
possível. Com recurso a estimulação hormonal e técnicas de reprodução in vitro, a mulher
poderá ser mãe (embora essa ocorrência seja rara).
Tanto a obesidade como o excesso de peso têm vindo a aumentar a nível mundial, influenciando negativamente várias funções do corpo humano, incluindo a saúde reprodutiva. Em particular, mulheres obesas sofrem perturbações no eixo hipotálamo-hipófise, o “controlador” hormonal mais importante no ciclo menstrual, levando a
disfunções menstruais e infertilidade. O tecido adiposo em excesso nas mulheres obesas, liberta substâncias que interagem e afetam a inflamação, resistência à insulina, hipertensão, risco cardiovascular, coagulação, mas também a diferenciação e maturação dos ovócitos. Para além disto, afeta a implantação, aumenta o risco de aborto e poderá interferir com a saúde do bebé.
A obesidade diminui também a probabilidade de sucesso dos tratamentos de reprodução
medicamente assistida.
É um facto biológico que com o passar dos anos, o potencial reprodutor tanto do homem, como da mulher, diminui. O momento exato em que isto acontece varia de pessoa para pessoa. Em geral, mulheres até aos 35 e homens até aos 40 anos têm uma maior probabilidade de conseguir uma gravidez. Isto acontece tanto em casos de gravidez espontânea, como através de tratamentos de reprodução assistida.
Na mulher, o fator idade é ainda mais crítico. Ao contrário dos homens, as mulheres nascem com todas as células que ao longo da vida podem originar folículos maduros e libertar ovócitos capazes de ser fecundados e originar um bebé. Assim, é compreensível que mulheres mais jovens tenham ovócitos mais saudáveis e com maior potencial reprodutivo. Até aos 35 anos a probabilidade de engravidar através de técnicas de reprodução medicamente assistida ultrapassa os 40%. A partir dessa idade, a probabilidade de engravidar diminui consideravelmente, rondando os 20% aos 40 anos e os 5% aos 44 anos.
Sabe-se que a idade é um fator limitativo quando se fala de fertilidade. Porém, existe sempre
possibilidade de se ter filhos enquanto o homem e a mulher forem capazes de produzir células
reprodutoras e não houver nenhum outro problema que possa impedir a gravidez.
O exame mais comum para avaliar a fertilidade masculina é o espermograma. Na COGE
avaliamos as características gerais da amostra (cor, cheiro, viscosidade, liquefacção), a
concentração de espermatozóides, a sua mobilidade, vitalidade e morfologia.
O que devo saber antes de realizar um espermograma? Para a realização do exame, é
aconselhado um tempo de abstinência sexual de 2 a 5 dias.
A colheita da amostra é feita nas instalações da clínica ou, se preferir, poderá ser feita noutro
local, desde que seja entregue no prazo de 30 minutos. Os resultados estarão prontos no
próprio dia.
Como interpretar os resultados? No relatório do exame estão indicados os valores considerados normais. As embriologistas e/ou o seu médico ajudá-lo-ão a interpretar os resultados.
O esperma de um homem pode ser afetado pela sua saúde geral e estilo de vida. Alguns fatores que podem reduzir a qualidade espermática incluem: Idade, consumo de álcool e/ou drogas, hábitos tabágicos, toxinas ambientais (incluindo exposição laboral a pesticidas), tratamento de radiação e quimioterapia para cancro, hábitos sedentários (certas profissões muito tempo sentados), sobreaquecimento da área testicular (por exemplo, por transportar os telemóveis no bolso das calças), obesidade, etc.
A avaliação do esperma através do espermograma permite detetar diferentes anomalias, entre as quais:
baixa concentração de espermatozoides;
alterações na mobilidade (espermatozoides imóveis ou com mobilidade não
progressiva);
morfologia.
Concentração: Em condições normais um homem produz mais de 100 milhões de
espermatozoides em cada ejaculação. Embora seja necessário apenas um espermatozoide
para fertilizar o ovócito, a “viagem” até ao mesmo é tão extraordinariamente difícil que a
esmagadora maioria dos espermatozoides se perde ou morre no trajeto. Por isso, se um
homem produz menos de 20 milhões de espermatozoides no ejaculado, a sua fertilidade está significativamente reduzida e a probabilidade de que ocorra uma gravidez é bastante menor.
As razões porque tantos homens têm um número diminuído de espermatozoides não são
conhecidas, mas poderão estar implicados fatores genéticos, hormonais e ambientais.
Chama-se oligospermia à diminuição acentuada dos espermatozoides e azoospermia à
ausência de espermatozoides no ejaculado.
Mobilidade: A mobilidade reduzida é uma situação também muito comum e está muitas vezes associada à diminuição da concentração de espermatozoides. No esperma normal, pelo menos 68% dos espermatozoides devem mover-se de forma adequada. Abaixo desse limite diz-se que o homem tem astenospermia.
Morfologia: Considera-se normal um esperma que tem mais de 4% de espermatozoides
morfologicamente normais. Os espermatozoides anormais poderão não ser capazes de fecundar o ovócito, sendo esta uma causa importante de infertilidade. Se a percentagem de espermatozoides normais é menor que 4% diz-se existir teratospermia. Em situações de teratospermia grave só a microinjecção intracitoplasmática (ICSI) oferece possibilidades de êxito significativas.
Uma das causas da infertilidade masculina pode ser o varicocelo que é a dilatação das veias
que drenam o sangue da região dos testículos, provocando o aumento da temperatura local,
levando a uma diminuição na produção de espermatozóides.
Outras causas podem aparecer por doença (ex. parotidite), lesão (ex. torção do cordão espermático) ou causas genéticas (ex. síndrome de Klinefelter; fibrose cística).
Vários são os fatores que podem afetar a fertilidade do homem. O excesso de peso, hábitos de vida pouco saudáveis ou alguns problemas de saúde poderão interferir com a qualidade espermática. Assim, diferentes abordagens podem ser feitas no tratamento do homem infértil.
Depois de realizadas as análises necessárias, o andrologista poderá indicar o melhor tratamento para o paciente. Poderá passar correção de hábitos de vida, terapêutica médica
ou alguma correção cirúrgica caso haja alguma situação que justifique.
Quando o estudo do fator masculino revela uma má qualidade espermática, poderão ser
usadas técnicas de fertilização in vitro (FIV ou ICSI, dependendo do caso). Quando a concentração de espermatozoides é insuficiente para a realização de inseminação artificial ou
fertilização in vitro (FIV), quando os espermatozoides são imóveis ou quando a morfologia normal é inferior a 4%, deverá realizar-se a técnica de injeção intracitoplasmática do espermatozoide (ICSI).
Quando não se encontram espermatozoides na amostra seminal, poderá ser realizada biópsia
testicular. Em alguns casos poderão estar a produzidos espermatozoides nos testículos porém, estes poderão não ser capazes de ser ejaculados por alguma obstrução. Com o recurso a biópsia testicular, poderá ser possível recuperar espermatozoides que serão depois utilizados em técnica de ICSI.
O Síndrome do Ovário Poliquístico, também conhecido pela sigla SOP, é um distúrbio que
provoca alteração dos níveis hormonais, ocorrendo a presença frequente de pequenos quistos nos ovários. É uma doença caracterizada pela menstruação irregular, elevada produção de
androgénios, normalmente associada à resistência à insulina. Apesar da sua causa ainda não estar totalmente esclarecida, sabe-se que pode ter origem genética e está frequentemente
associado à obesidade. Mulheres que estão acima do peso, têm glicemia, pressão arterial e
taxa de colesterol elevadas fazem parte do grupo de risco da doença, e devem seguir uma dieta saudável e praticar exercício físico. O SOP é uma doença que pode trazer graves danos à saúde ginecológica da mulher, podendo até mesmo levar à infertilidade. Por isso, assim que apresentar algum sintoma da doença ou se fizer parte do grupo de risco, procure um ginecologista para realizar os exames necessários. As mulheres que sofrem de SOP têm mais dificuldade em engravidar, pelo que o recurso a técnicas de reprodução medicamente assistida poderão ajudar a concretizar o desejo de maternidade.
Anovulação é a ausência de ovulação, ou seja, ausência da libertação do ovócito do ovário. Não havendo libertação do ovócito, não poderá ocorrer fecundação e gravidez.
A anovulação pode ser fisiológica antes da puberdade, na amamentação ou depois da
menopausa. Pode estar associada a patologias do ovário, alteração da glândula tiroide, da hipófise ou do hipotálamo, endometriose, excesso de peso ou magreza excessiva, exercício físico demasiado intenso, stress, entre outros. A anovulação crónica é responsável por cerca de 30% dos casos de infertilidade feminina, sendo a sua causa mais comum o síndrome dos ovários poliquísticos. O tratamento poderá passar pela
perda de peso (se existir excesso de peso) e/ou estimulação hormonal para obtenção de vários folículos para técnicas de fertilização in vitro.
A criopreservação de espermatozoides poderá ser realizada por motivos práticos, como por exemplo pela dificuldade na colheita da amostra seminal ou impossibilidade de estar presente no dia do tratamento de reprodução medicamente assistida.
Está também indicada por razões médicas, em casos cuja doença ou tratamento poderá afetar o sistema reprodutor (radio ou quimioterapia). Esta situação é designada como preservação da fertilidade masculina, visto garantir a preservação das células reprodutoras para possível uso futuro.
Fala-se de infertilidade primária quando não existem antecedentes de gravidez no casal, o
que corresponde à situação mais comum. Considera-se infertilidade secundária quando
existem antecedentes de gravidez (com ou sem nascimento) mas existe dificuldade em
conseguir obter uma nova gestação.
Se não consegue engravidar, a medicina da reprodução poderá ajudar. Existem diferentes
tipos de técnicas de reprodução medicamente assistida. Depois de realizado o estudo, diferentes técnicas poderão ser propostas. De uma forma resumida, em casos de boa qualidade espermática, permeabilidade das trompas e capacidade de ovulação, a inseminação artificial poderá ser a opção. Nesta técnica, a amostra seminal é tratada e os espermatozoides são depois inseminados no útero após ovulação (em ciclo espontâneo ou com medicação). Caso não se verifiquem as condições referidas, existem duas técnicas de fertilização in vitro (em laboratório): a fertilização in vitro convencional (FIV) e a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI). Em ambas, os ovócitos são colhidos e a fertilização ocorre em laboratório, com posterior transferência embrionária.
A ideia que os tratamentos de reprodução medicamente assistida resultam sempre em
nascimentos múltiplos é um mito. A gravidez múltipla poderá acarretar consequências
negativas tanto para a gestante como para o bebé, pelo que deve ser evitada.
Quando se recorre a técnicas de fertilização in vitro, preferencialmente deverá ser transferido apenas 1 embrião. Apenas em casos de idade materna avançada (e, portanto, com menor probabilidade de engravidar), em casos de falhas repetidas de implantação, ou outros casos previamente avaliados, poderá ser ponderada a transferência de 2 embriões.
Assim, apesar de existir alguma probabilidade de ocorrer a implantação de 2 embriões, as
técnicas de procriação medicamente assistida não resultam sempre em nascimentos
múltiplos.
Quando, por algum motivo fisiológico, não é possível o ovócito encontrar os espermatozoides e ocorrer a fertilização de forma natural, poderá recorrer-se a técnicas de fertilização in vitro (in vitro significa “em laboratório”). Existem duas técnicas de fertilização in vitro: a fertilização in vitro convencional (FIV) e a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI). Em ambas, os ovócitos são colhidos e a fertilização ocorre em laboratório. No caso da FIV, após colheita dos ovócitos, a amostra seminal é tratada de forma a se recuperarem espermatozoides com boa qualidade, que depois são colocados em contacto com os ovócitos. Nesta técnica a fertilização ocorre de forma natural. Entre 18 a 20 horas após a inseminação, a embriologista verifica a fecundação (presença de 2 núcleos) e dentro de 2 a 5 dias, havendo desenvolvimento favorável dos embriões, ocorre a transferência embrionária.
A injeção intracitoplasmática (ICSI) é uma técnica de fertilização in vitro. Nesta técnica, cada ovócito colhido é injetado com um espermatozoide. Esta técnica está indicada em casos de má qualidade espermática e/ou falha de fertilização anterior.
Quando, de um tratamento de fertilização in vitro, resultam embriões de qualidade, estes poderão ser criopreservados. Esta técnica, com recurso ao uso de substâncias crioprotetoras, permite a preservação de embriões em azoto líquido (-196ºC) para posterior transferência.
No caso de mulheres solteiras ou casais de mulheres, o uso de espermatozóides de dador
poderá permitir conseguir uma gravidez. Trabalhamos com um banco de gâmetas
internacional. Todos os dadores disponíveis foram testados e terá à disposição informação de etnia, nacionalidade, tipo de sangue, características físicas como altura, peso, cor do cabelo, cor dos olhos, educação/ atividade profissional e poderá ainda optar por dadores com perfil completo, o que lhe dará acesso a fotografia em criança, perfil psicológico e emocional, entre outras informações.
Cada vez mais, por motivos pessoais ou profissionais, as mulheres tendem a adiar a
maternidade. Sabe-se que a idade é um fator crítico na fertilidade na mulher, particularmente na reserva e qualidade ovocitária. A criopreservação de ovócitos permite a preservação de ovócitos mais jovens (e, à partida, de melhor qualidade) para que posteriormente possam ser fertilizados e permitir uma gravidez.
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