Eis uma frase que ouvimos com frequência no nosso dia-a-dia. É natural que assim seja, uma vez que o stress surge associado a mudanças ou a situações que sentimos que não controlamos.

Vulgarmente associamos o “estar stressado/a” a como sendo algo negativo, que gera desconforto, desorientação podendo, no limite, desencadear Perturbações de Ansiedade.  Mas a verdade é que também sentimos stress em circunstâncias felizes, como quando entramos na universidade, casamos, mudamos de casa ou trabalho, situações, muitas vezes, planeadas e desejadas, mas que representam mudanças e novidades. Nestas circunstâncias, consideramos o stress como sendo benéfico, uma vez que nos faz ser organizados, ativos e focados e, em simultâneo desencadeia uma expectativa positiva face ao futuro.

São várias as situações em que o stress se pode manifestar de forma negativa

No entanto, o stress pode ser vivenciado como algo negativo, bloqueando-nos e despertando em nós sentimentos de derrota, desesperança e impotência. Tal acontece, quando o stress se manifesta de forma persistente e associado a situações indesejadas e algo prolongadas no tempo como insatisfação com o trabalho, doença de familiares, pobreza, problemas no relacionamento com outras pessoas. O impacto negativo do stress ou o stress persistente manifesta-se nos nossos comportamentos, na forma como lidamos com os outros e o mundo, mas também fisicamente. Citando alguns exemplos…

  • …podemos andar mais agressivos/as e irritados/as, com menor paciência para lidar com os outros ou disponibilidade para conversar.
  • … é possível que surjam dores de cabeça, dores musculares, alteração de apetite e que se sinta um cansaço permanente.
  • … comumente surgem sentimentos mais negativos, como o medo de falhar, receio face ao futuro e sensação de desespero.
  • Ao longo da nossa vida, são várias as situações em que o stress se pode manifestar de forma negativa, sendo importante estar vigilante relativamente a:

Ao longo da nossa vida, são várias as situações em que o stress se pode manifestar de forma negativa, sendo importante estar vigilante relativamente a:

  • Stress e Ansiedade na Primeira Infância (saiba mais aqui).
  • Stress parental (saiba mais aqui).
  • Stress na adolescência.
  • Stress no trabalho.
  • Stress conjugal.
  • Stress gestacional

Stress na adolescência

A adolescência é uma fase do ciclo de vida que marca a transição da infância para a vida adulta, durante a qual ocorrem grandes mudanças a nível físico, intelectual, psicoemocional e social. É nesta fase que a construção da identidade e autonomia assume maior relevância, sendo por isso, uma fase de desenvolvimento em que o stress se pode manifestar de forma mais intensa, persistente e prolongada. Nesta fase, o stress pode surgir associado a:

  • Acontecimentos e relações existentes no contexto escolar, sendo de destacar a relação com professores, expectativas pessoais e de terceiros face à escola e desempenho escolar.
  • Relação e interação com os pais que, por vezes, colide com a construção do eu ou se contrapõe à autonomia desejada.
  • Relações amorosas e com pares, essencial para o desenvolvimento do sentimento de pertença, construção do eu e personalidade.
  • A si próprio, imagem física, identidade e autonomia, expectativas pessoais atuais e futuras.

A reação a estas situações geradoras de stress varia de adolescente para adolescente, sendo crucial que pais e professores se mantenham vigilantes face a eventuais reações físicas e mudanças comportamentais e de atitude dos jovens. É importante observar a persistência, agravamento e intensidade das reações e mudanças, analisando a necessidade, relevância e pertinência de orientar o jovem para ajuda profissional.

A intervenção psicológica com adolescentes com vivência persistente de stress é efetuada de acordo com o problema ou situação que lhe está subjacente. Partindo-se da análise da situação, exploram-se com os jovens estratégias de gestão do stress e adoção de um estilo de vida saudável, que lhes permita restabelecer o equilíbrio.

Stress no trabalho

O stress gerado pelo contexto ou trabalho em si é um tema que tem vindo a ganhar visibilidade e relevância nos últimos anos, fundamentalmente pelo impacto negativo que tem nos trabalhadores e na sua vivência pessoal, familiar e social. Este stress surge, fundamentalmente quando o trabalhador:

  • Perceciona a função ou responsabilidade que lhe são atribuídas como sendo mais exigentes do que as capacidades e recursos de que dispões.
  • Não se sente suficientemente desafiado no exercício das suas funções.

São várias as situações em contexto de trabalho que podem gerar stress: exigência de realizar múltiplas tarefas num curso espaço de tempo, ausências de condições para o desenvolvimento do trabalho, dificuldade de conciliação entre vida pessoal, familiar e profissional, dificuldade ou conflitos de relacionamento com chefias e colegas; benefícios desajustados, para citar alguns exemplos. Não obstante, no contexto do stress gerado no ou pelo trabalho é importante destacar:

  • Síndrome de burnout que consiste num estado de esgotamento físico, mental e emocional prolongado ou crónico, resultante de excesso de trabalho (saiba mais aqui).
  • Assédio moral ou mobbing em que o trabalhador é vítima de um comportamento abusivo deliberado e persistente por parte de chefia ou colega e que coloca em causa a sua dignidade e integridade física e psicológica.

A intervenção psicológica em situações geradoras de stress laboral persistente, passa pela identificação de prioridades e objetivos do indivíduo, identificação de oportunidades e recursos de que dispõe e de desenvolvimento de planos alinhado com os mesmos.

Stress conjugal

Caracteriza-se por ser um stress que advêm da relação ou vivência entre o casal. O stress conjugal pode surgir em diferentes momentos de vida conjunta surgindo, muitas vezes relacionado com:

  • Ausência ou dificuldade de comunicação ou comunicação conflituosa.
  • Dificuldades de intimidade emocional e/ou sexual.
  • Infidelidade e/ou falta de confiança.
  • Agressividade e violência conjugal.
  • Infertilidade.
  • Desafios associados à parentalidade.
  • Conciliação da vida familiar e profissional.
  • Doença crónica ou mental.
  • Conflito ou distanciamento das famílias de origem.

Nestas circunstâncias, a intervenção pode passar pela terapia de casal que concilia sessões individuais com sessões com o casal estando aberta à participação de outros intervenientes, sempre que se justifique. Neste contexto a terapia passa por:

  • Explorar a vivência individual e comum como casal.
  • Posicionamento de ambos face à união.
  • Restabelecimento ou melhoria da comunicação e interação.
  • (Re)construção de uma vivência comum entre e para além do casal.

A terapia de casal exige que os dois elementos do casal desejem beneficiar de um acompanhamento para a concretização de um objetivo comum. A resistência por parte de uns dos elementos, não é desejável, podendo comprometer o sucesso da terapia.

Stress gestacional

O stress gestacional pode manifestar-se em diferentes momentos da gravidez e, quando relacionados de forma direta com a mesma, têm uma prevalência relativamente superior no 1º e 3º trimestres. No 1º trimestre, os motivos que desencadeiam o stress estão frequentemente relacionados com:

  • Uma gravidez não planeada ou indesejada.
  • Receios associados a riscos e potenciais abortos.
  • Incerteza e insegurança face à decisão da parentalidade.

No 3º trimestre, o stress surge muitas vezes associado a:

  • Dificuldade de conciliação a preparação para a maternidade com a vida profissional.
  • Receio e expectativa face ao parto.
  • Expectativas e/ou insegurança face à competência parental
  • Impacto da gravidez na vivência conjugal.

É comum a grávida ou o casal manifestar estes receios e inseguranças ao longo da gravidez, havendo muitas vezes capacidade para que, em conjunto, o casal supere estes receios. No entanto, caso haja necessidade de recorrer a um acompanhamento e apoio profissional, a intervenção passa por:

  • Explorar e ajustar expectativas face à rapidez.
  • Definir um plano para adequar o ritmo, atividades e estilo de vida às exigências do corpo e mente.
  • Definir e adotar rituais de relaxamento, preparação e vinculação.

Outras situações geradoras de stress, associadas a outras vivências e circunstâncias externas à gravidez, podem ocorrer durante a mesma.

Fonte: Dra. Andreia Monteiro – Psicóloga Clínica – Equipa COGE