“Neste período delicado que estamos todos a viver, venho partilhar convosco uma sugestão, não só como terapeuta da fala mas também como mãe de duas crianças em idades pré-escolar e escolar (2 e 6 anos).

Por vezes dizemos que não temos o tempo que gostaríamos para estar com os nossos filhos. Agora, que o mundo está invertido, podemos aproveitar parte desse tempo que outrora não tínhamos para dedicar aos nossos filhos e, especialmente, para brincar com eles. Através do brincar é possível ensinar e aprender tantas competências.

Já durante a minha formação enquanto terapeuta da fala me tinha sido incutida a importância desta forma de ensino-aprendizagem, mas só quando fui mãe pela segunda vez, percebi o real potencial do “brincar” com uma enfermeira que nos fez refletir sobre este tema.

Assim, a sugestão é brincar diariamente com o(s) nosso(s) filho(s) 15 minutos. Parece pouco, mas a verdade é que, várias vezes sem o darmos conta, não lhes damos esses 15 minutos de qualidade. Absorvidos pelo trabalho, pela escola que agora é em casa, pelas tarefas domésticas, pelas redes sociais, por tantas e tantas coisas, às vezes as 24h do dia não chegam para tudo. Durante esses “15 minutos”, o vosso filho é quem escolhe a brincadeira (podem ser legos, ver um livro, jogar futebol, brincar com miniaturas de animais, fazer um puzzle ou um jogo tradicional) e não são permitidos aparelhos eletrónicos durante a brincadeira. Por muito que eles gostem de televisão e playstation, eles adoram brincar com o pai/ a mãe. Podem apenas colocar o despertador para a criança perceber quando acaba e termina a brincadeira. Claro que há dias em que o tempo pode ser mais extenso (ótimo se assim for) e há outros em que poderão não conseguir mesmo. Mas se fizer parte da rotina, serão eles a dizer (como acontece com o meu filho mais velho): “Mãe, hoje ainda não fizemos os 15 minutos?!” Durante esse tempo, aproveitem para falar pau-sa-da-men-te com eles articulando bem as palavras (regra geral falamos rápido demais) e sem que eles se apercebam, estão a estimular a fala e a linguagem.”

Fonte Dra. Márcia Maia – Terapeuta da Fala – Equipa COGE