O Perfecionismo e o Amor Incondicional
Os contos infantis podem ser uma importante ferramenta lúdica e terapêutica, pois a criança ao entrar no mundo do “faz de conta” poderá elaborar e compreender as emoções e as situações do mundo real. No Dia Mundial da Saúde Mental, a Dr.ª Sara Oliveira Cunha (Pedopsiquiatra na COGE) partilha connosco uma pequena história infantil.
“Era uma vez um menino de 7 anos chamado Perfecionismo. Vivia com os pais e com o irmão de 3 anos.
O Perfecionismo achava que tinha que fazer tudo muito direitinho e muito certinho. Pensava que os Pais e a Professora só gostavam dele se fizesse tudo perfeito. Por esta razão, sentia muito medo de errar!
Quando o Perfecionismo fazia os trabalhos da escola, apagava várias vezes com a borracha e voltava a escrever. Às vezes, nem tinha tempo para terminar os exercícios e ir ao recreio! Tinha que usar uma régua para desenhar tudo alinhadinho e se não a tivesse sentia-se ansioso. Ele gostava de brincar com os colegas e até gostava de jogar à bola, mas tinha medo de se magoar, de sujar a roupa ou de não conseguir marcar golo. Sentia-se envergonhado e com receio de que os amigos o gozassem ou deixassem de querer brincar consigo.
A certa altura, a matéria da escola ficou mais difícil e o medo do Perfecionismo tornou-se enorme! Ele pensava que não ia conseguir tirar boas notas nos testes e achava que os pais iriam ficar zangados. Além disso, estava muito preocupado, porque imaginava que perderia o amor dos pais. Não era a primeira vez que o Perfecionismo pensava que poderia perder o amor dos pais; já tinha sentido isto quando o irmão nasceu, na fase em que todos os familiares davam atenção ao irmão bebé…
Relativamente ao medo de errar, ele era tão grande que o Perfecionismo passou a não querer fazer os testes e a não querer ir à escola.
Certo dia, o Perfecionismo conheceu o Amor Incondicional, que lhe disse que todas as pessoas podem errar e que o erro faz parte da vida e permite-nos aprender. O Amor Incondicional salientou:
– Os teus pais irão gostar sempre de ti, mesmo quando errares, porque o amor deles por ti é incondicional… e o mais importante é tentares e não desistires de fazer as coisas mesmo que te pareçam muito difíceis!
A partir desse dia, o Perfecionismo percebeu o que era o amor incondicional…aquele que não depende dos nossos resultados… aquele porto seguro que nos dá a confiança para explorar o mundo. Foi desta forma que o Perfecionismo voltou à escola e começou a sentir-se mais seguro, mais confiante, mais persistente, mais feliz e com muita vontade de brincar e de aprender coisas novas (mesmo quando parecem muito difíceis).
Fonte: Dra. Sara Oliveira Cunha – Pedopsiquiatra da EQUIPA COGE