O que é?

O termo co-sleeping, diferente de bedsharing, significa os pais e bebé dormirem em proximidade, não obrigatoriamente partilhar a mesma superfície para dormir. Pode incluir dormir num berço ao lado ou próximo da cama dos pais, em colchões adjacentes. Já bedsharing é definido como uma criança que compartilha uma cama de adulto, com um adulto para dormir. Assim, o bedsharing é um subconjunto do co-sleeping, mas nem todo o co-sleeping é considerado bedsharing

História

No contexto da evolução humana, os bebés dormiam com as mães muito antes de existirem camas. No entanto, atualmente esta é uma prática muito rara nos países desenvolvidos. A prática mais comum é separar o recém-nascido da sua mãe logo após o nascimento, apesar das evidências crescentes que isso pode ter efeitos prejudiciais (diminuição da produção de leite materno, falha na lactação ou diminuição da duração da amamentação e diminuição do vínculo materno).

Em oposição a isto, esta prática pode estar relacionada com a Síndrome de Morte Súbita no Lactente (SMSL). A evidência de que a partilha de cama entre pais e filhos está associada a mortes repentinas e inesperadas na infância em certos contextos perigosos é forte. Vários estudos encontraram uma associação entre síndrome de morte súbita e bebés dormirem com adultos em superfícies que não sejam uma cama, partilhar a cama com pais que fumam ou que consumiram drogas, medicamentos ou álcool, e partilhar a cama com um bebé prematuro ou com baixo peso ao nascimento.

No Ocidente, o co-sleeping embora seja uma prática controversa, tem surgido por vontade de alguns pais e de forma não premeditada. A nível mundial é uma prática eleita por 70% da população. 

Benefícios

  • Favorece o desenvolvimento cognitivo e emocional da criança;
  • Promove o aleitamento materno pela proximidade com a mãe;
  • Provoca o despertar mais frequente da criança (diminuindo o risco de morte súbita).
  • Promove o conforto do bebé e dos pais pois o contato corporal permite a sincronia fisiológica pais-bebé na regulação respiratória, ciclos de sono-vigília, regulação da temperatura e frequência cardíaca;
  • Fomenta a higiene do bebé, uma vez que quando os pais estão em proximidade física e sensorial com o bebé, a necessidade de troca de fraldas, a troca ou ajustes de roupas, ou outras medidas de higiene necessárias, podem ser detetadas mais rapidamente. 

Esta prática não deveria ser considerada, a priori,como um risco potencial para o bebé e família, assim como também não deveria ser apontado, de ânimo leve, que é seguro para o bebé dormir sozinho, encarando o sono solitário infantil como normal, inofensivo e ideal. Acima de tudo, se esta for uma opção dos pais, devem ser tidas em conta as medidas de segurança. 

Fatores de risco a considerar na partilha de cama (fatores que aumentam o risco de síndrome de morte súbita infantil e acidentes fatais durante o sono).

Organizações de saúde de alguns países não recomendam a partilha de cama, citando preocupações sobre o aumento do risco de doenças relacionadas a SMSL. No entanto, a partilha de cama pode ser apenas uma circunstância perigosa quando estamos perante outros fatores de risco, que concorrem para acidentes, não só no bedsharing, mas também no sono solitário.

  • Partilha de sofá com um adulto a dormir;
  • Dormir com roupa de cama macia
  • Partilha de cama com adulto sob efeito de álcool ou drogas;
  • Nascer prematuro ou nascer com baixo peso (fatores de risco não passíveis de modificação).
  • Partilha de cama com adulto fumador dormir em decúbito ventral;
  • Partilha de cadeira com um adulto a dormir
  • Nunca iniciar a amamentação.

Cuidados a ter nesta prática

Rotular uma forma de dormir como sendo superior ou melhor que outra, sem ter em consideração o contexto familiar, social e ético, para além de ser errado, pode ser prejudicial. Em vez de tentar eliminar o co-sleeping, as mensagens para os pais provavelmente beneficiariam de uma abordagem mais culturalmente sensível que se concentra em aconselhar como o poderiam fazer com segurança para as famílias que o escolherem. Remover ou reduzir os fatores de risco deve ser o objetivo, em vez de determinar como as famílias escolhem dormir.

Portanto, se dormirem com o vosso bebé…

  • Durmam na cama, nunca no sofá ou cadeira! Se achar que está muito cansado e/ou pode adormecer, poderá ser mais seguro fazê-lo na cama. Não coloque o bebé em decúbito ventral. Avise o seu parceiro(a) que o bebé vai estar lá!
  • Não durma com o seu bebé se…ele é prematuro ou nasceu com baixo peso;
  • … Se está sob o efeito de álcool ou drogas/ medicamentos que provoquem sonolência.
  • A superfície da cama deve ser firme, sem cobertores, almofadas ou outros objetos que possam causar cobertura acidental da cabeça e asfixia.
  • A cama deve estar longe de paredes e móveis para evitar que o bebé fique preso.
  • O bebé não deve ficar sozinho na cama de um adulto. 
  • A adoção da posição C, posição cuddle curl, é a posição ideal para proteger o seu bebé durante o sono na partilha de cama.
  • Se amamentar na cama, deixe espaço para o bebé, naturalmente, retomar a posição de decúbito dorsal (a ideal) após a mamada. 

Concluindo

A opção dos pais pela prática do co-sleeping espelha considerações e decisões dos mesmos bem como as suas crenças, valores, expectativas, que se devem a efeitos culturais e diferenças individuais, não sendo, evidentemente, arriscado nem seguro para a criança. 

Apesar de ser um tema controverso e complexo, é de extrema importância que os pais estejam informados acerca desta prática de modo a evitar riscos para o bebé e se transformar numa prática segura. 

Fonte: Marisa Alves, enfermeira COGE e Marta Pinto, enfermeira CHVNG/E Urge Pediatria