Enquanto mulher e ginecologista, tenho bem presente a importância da saúde na sua vertente ginecológica, que deve ser lembrada todos os dias, não apenas por ocasião do dia 8 de março.


São várias as fases da vida da mulher, com diferentes características e particularidades. Neste pequeno texto reservo algumas palavras para um ciclo da vida e uma área da ginecologia que me é particularmente querida: a fase reprodutiva da mulher.

Aquando da puberdade, a jovem mulher adquire capacidades físicas e biológicas que permitem a reprodução. Nesta fase da vida, família, sociedade e clínicos unem-se para destacar a prevenção ao nível da saúde ginecológica, com ênfase na educação sexual (prevenção de gravidez indesejada – com recurso aos diversos contracetivos existentes – e  também de doenças sexualmente transmissíveis). Todo este cuidado social no alerta às mulheres, desde tenra idade, para os riscos mencionados é, sem dúvida, importante e essencial. Todavia, considero que se falha redondamente na promoção da saúde reprodutiva, um conceito raramente abordado pela sociedade e pelos clínicos que não estão sensibilizados para a problemática da (in)fertilidade. Quando falo em saúde reprodutiva não pretendo exercer pressão social para o projeto de parentalidade ou, neste caso, de maternidade, pois reconheço que uma mulher pode realizar-se e ser feliz sem o papel de “mãe”, que muitas vezes lhe é imposto. No entanto, independentemente de cada decisão individual futura, a mulher jovem deve ser educada para a promoção da saúde ginecológica (visando a sua vertente reprodutiva), ao nível dos cuidados de saúde primários e nas consultas de ginecologia.
Esta promoção da saúde reprodutiva passa, por exemplo, por alertar que a vida fértil  da mulher é limitada e que a fertilidade feminina tem um declínio acentuado a partir dos 35 anos de idade, facto que é desconhecido pela maioria das mulheres. No momento de educação para a saúde devem ainda ser referidos outros aspetos, nomeadamente os efeitos nocivos de alguns hábitos e estilos de vida na saúde reprodutiva da mulher.


O bem-estar biopsicossocial da mulher, ao longo de todas as fases da sua vida, é indissociável da sua saúde ginecológica, pelo que deve ser assegurada e preservada.

Fonte: Dra. Fátima Silva – Ginecologista/Obstetra – Equipa COGE