O Dia Internacional da Preguiça celebrado anualmente a 7 de novembro foi constituído e existe para nos lembrar da importância do descanso e do “não fazer nada” para o nosso bem-estar, equilíbrio e saúde física e mental!

Comummente, ocupamos todos os nossos “tempos livres” para fazer algo que nunca temos tempo para fazer. Na verdade, sempre que tomamos consciência de que iremos ter um “tempinho livre”, começamos logo a pensar “O que é que vou fazer nesse tempo?”. As primeiras respostas estão, muitas vezes, relacionadas com arrumar algo que nunca temos tempo para arrumar; ir a um sítio ao qual estamos para ir há meses; marcar um convívio com aquele amigo… Na verdade, são todas excelentes formas com que “ocupar o tempo livre”, mas é igualmente importante incluir na nossa lista (e já agora prática) a “arte de não fazer nada”.

Gosto de lhe chamar “arte” porque tal como a arte o “não fazer nada” requer:

  • Tempo e espaço para acontecer e ser vivido.
  • Motivação e envolvimento que permita desfrutá-lo em toda a sua dimensão o bem que nos faz.
  • Prática e persistência enquanto e até que tenha impacto.
  • Que se aposte no equilíbrio entre focarmo-nos em nós (física, intelectual e emocionalmente) e na interação com outros e o mundo.

Para além disso, partilha também com a “arte” alguns benefícios:

  • Potencia a emergência da criatividade e geração de ideias.
  • Desencadeia bem estar, sensação de equilíbrio e restabelecimento de energia.

SE É ASSIM TÃO IMPORTANTE, PORQUE É QUE TENDENCIALMENTE NOS ESQUECEMOS OU RESISTIMOS A “NÃO FAZER NADA”?

O nosso dia a dia passa por assumirmos e interpretarmos diferentes papéis: filho/a, mãe/pai, companheiro/a, amigo/a, trabalhador/a… Além disso, o facto de termos múltiplas opções de “como ocupar o tempo”, a ânsia de vivermos a vida em pleno e claro a presença digital constante, leva-nos a:

  • Ter e viver em torno de um pensamento acelerado focado num conjunto de tarefas que ainda temos para fazer.
  • Um estado físico e mental de atividade permanente, que nos leva a desdobrar-nos nos múltiplos papéis, por vezes em simultâneo, para colmatar a “nossa ausência ou falha”.
  • Estarmos permanentemente ligados a redes, dispositivos, problemas e situações.

No entanto, é importante saber parar, desligar do dia a dia, focar no nosso bem estar e descansar.

COMO PASSAR À PRÁTICA

  • Assuma o objetivo de não fazer nada Não faça planos, decida que é um dia para não fazer nada e descansar ou para fazer o que lhe apetecer fazer e o corpo permitir. É importante verbalizar (escrever ou em voz alta) este objetivo para o incorporar.
  • Não caia em tentação Por momentos, pode surgir a ideia de que poderia aproveitar só um pouco do tempo “apenas para adiantar” qualquer coisa. Assuma o pensamento e diga a si próprio “Não, hoje é dia de não fazer nada” tal como eu decidi.
  • Liberte-se da culpa Pode acontecer que ao longo do dia, provavelmente mais à noite, se sinta culpado/a porque o dia não foi “produtivo”. Ao parar, cuidar de si e descansar está a cuidar do seu equilíbrio e saúde física e mental. Só com saúde e equilíbrio poderá ser, em simultâneo, produtivo/a e feliz. Haverá maior produtividade do que tratar de si!?
  • A seguir vá descansar Por vezes há a tendência de fazer à noite o que não se fez durante o dia (apenas acontece se não assumir de forma séria o objetivo de não fazer nada). Não faça isso, retirará horas de descanso, aumentará a ansiedade e na prática não terá nenhum benefício. Por isso, depois de um dia a não fazer nada, vá descansar e dormir.

É fundamental que assuma a responsabilidade pelo seu bem-estar, seja generoso/a consigo, com o seu corpo e equilíbrio. Acima de tudo, é fundamental que evite a autossabotagem, ou seja, fazer algo, de forma consciente ou inconsciente, que o/a prejudique e reduza a sua capacidade de concretizar os seus objetivos (como os pensamentos referidos anteriormente).

Fonte: Dra. Andreia Monteiro – Psicóloga Clínica, Equipa COGE